segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Brincadeira - Milan Kundera




Num relato rítmico e envolvente, Kundera mais uma vez, tece a tênue fibra das relações humanas. Escrito em 1965, A brincadeira é um livro ensimesmado, onde os personagens se apresentam de forma atemporal, na primeira pessoa, desvendando amores e frustrações, cada um dentro do seu universo.

O livro também revela aspectos dos primeiros anos de ocupação do socialismo russo no país theco, onde o sonhos de construção de uma nova realidade voltada para o proletariado está sendo construído, permeado por jovens cheios de expectativas, mas também de arrogância.

Arrogância essa que leva o personagem principal, Ludovik, a modificar de forma inexorável o seu destino, a partir de uma brincadeira juvenil. Aliás, esse é um tema recorrente na literatura de Milan Kundera: juventude, risíveis amores e, a inexorabilidade de pequenas ou despretensiosas ações.

Apaixonado por música, assim como Hesse, o autor apresenta esta forma de arte como a mais pura expressão do ser e como caminho para a autorealização. Também, o que o regime socialista causou à cultura do seu país, assim como o esforço inútil de ressureição das tradições típicas como forma de contar a história de um povo e a marca indelével imposta pelo regime socialista ditatorial e burocrata, levando toda uma geração ao inócuo.

Kundera permeia seu texto com densidade, mostrando o amor como a forma mais sublime de entrega ao outro e encontro de si mesmo. Mas, que, a sua falta pode remeter seus personagens à mais absoluta escuridão. Eis um dos trechos que, ao meu ver, é o mais emblemático da obra:

"As histórias pessoais, além de acontecerem, também significam alguma coisa? Apesar de todo o meu ceticismo, sobrou-me um pouco de superstição irracional, como a curiosa convicção de que todo acontecimento que me sucede comporta também um sentido, que ele significa alguma coisa; que a vida, por sua própria aventura, nos fala, nos revela, gradualmente um segredo, que se oferece como um enigma a ser decifrado, que as histórias que vivemos formam ao mesmo tempo a mitologia de nossa vida e que essa mitologia detém a chave da verdade e do mistério. É uma ilusão? É possível, é mesmo verossímel, mas não posso reprimir essa necessidade de decifrar continuamente a minha própria vida."

(Kundera, Milan. A Brincadeira. Círculo do Livro, São Paulo, 1967. p.174)

Um comentário:

  1. de mais baby parabens pelo blog so mostra que vc e capaz de fazer tudo que quer e so querer bjosssssssssssssssssssssssssssssssss

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